O fim... e o começo

Existe uma frase, algo vulgar, que retrata em poucas palavras o que é uma jornada e aquilo que se espera dela: "O caminho faz-se ao andar".

O caminho é árduo.

Quando o começamos, só imaginamos o seu fim... Ansiamos pela chegada à meta. Passamos vales, passamos montes, vemos paisagens de cortar a respiração que nos enchem o peito de felicidade. Acreditamos que vai ser sempre assim, cheio de beleza e felicidade sem fim.

Vamos caminhando... Criam-se bolhas nos pés. Os sapatos rompem-se e a dor é uma constante. Pensamos em tudo de bom que passou antes de aparecer a dor mas, por mais que nos esforcemos, a dor ocupa-nos todo o cérebro.

Pensamos em parar. Pensamos se vale a pena continuar o caminho... O fim não se avizinha, a felicidade ficou para trás.

Contamos os segundos, os minutos, os dias, os meses...

E a dor não passa.

Imaginamos um atalho, um caminho mais curto, mais fácil, um caminho diferente...
Mas a ideia do desconhecido incomoda. Incomoda-me. Tenho receio de me magoar e não ter condições... Talvez deveríamos continuar o nosso caminho. O caminho que nos foi delineado inicialmente.

Continuamos com o corpo e a alma a doer.

Gritamos uns com os outros e desejamos que a nossa vida fosse diferente.
Prosseguimos na esperança do dia seguinte ser um dia melhor.

E o dia seguinte chega, e é um dia melhor!

Voltamos a ver o mundo com os olhos do coração. Voltamos a sentir felicidade num instante... Num centímetro quadrado de pele. A dor sai-nos do peito durante segundos...

E somos felizes por momentos. Recordamos, finalmente, a felicidade inicial. Recordamos que já estivemos felizes e que partilhámos a felicidade com alguém. Recordamos que quem nos acompanhou na felicidade, também esteve lá para a dor...

E o caminho continua. Faz-se ao andar.

Providos de água e mantimentos até o nosso fim, a nossa meta chegar.

Por vezes essa meta, esse fim tão aguardado, será o começo de um novo caminho, de uma nova jornada.

Sem nos preocuparmos com a rota... Qualquer trilho nos levará lá... Sem GPS.

Deixando que o coração decida. Sem ter medo de sentir, de pressentir.

Ir onde nos leva o coração.
Foto: Flamingos by Marciano, http://olhares.aeiou.pt

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