Escolha

Os que nos faz ser segunda escolha na vida de alguém?! O que faz com que não reconheçam o nosso brilho, espelhado nos olhos, cravado nas rugas e no sorriso?! O que faz de nós seres abomináveis e dispensáveis em suas vidas?!
Efectivamente não o sei. Gostaria de o saber mas desconheço por completo todas as razões do inquestionável, do injustificável. Talvez por não as procurar ou, quando procuro, não as entender.
Os laços imperceptíveis que nos prendem não se negam. São totalmente existentes e respeitáveis. São imutáveis, como o cheiro deste Outono que chega em passinhos leves com o cheiro a chuva mansa e a terra ávida de água. São abraços imperfeitos à memória e ao coração. São desenlaces constantes de dedos da mão... Da minha mão... Das nossas mãos. São o desprender inconsciente de uma criança à qual se corre no imediato a socorrer e pegar ao colo. Para jamais se perder. Para jamais sair de nós. São a dor que nos retalha a cada dia em que resolvemos acordar e levantar o nariz.
Todos os dias escolho. Escolho a roupa que visto, ainda que por vezes a repita, ou o perfume que uso. Escolho-me a mim. E a tudo o que me pertence. Escolho as minhas lembranças e memórias de um tempo em que fui a escolha de alguém. Dias em que alguém precisava falar-me para terminar bem o dia.
Pois o dia, sem mim, chegaria ao fim, e não seria perfeito.

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