Entranhado

Há coisas que não saem de nós.
Têm cheiro mau, a fritos com óleo rançoso.

Há pessoas que se ancoram, como cereais praganosos, ao atravessar um prado sem fim.

E o resultado disto nem sempre é bom. 
Permitirmos que se entranhem nas nossas vidas, é uma chatice das grandes. 
Permitir que vivam sob um parasitismo puro, é mau negócio.

Sugam-nos o sangue e a alma e tudo o que a ela vem agarrado, inclusive o coração.
Vivem exclusivamente daquilo que sugam. Daquilo que querem aproveitar.

A mim, normalmente, estas pessoas dão-me pena. 
Pena de não existirem de per si. Pena de não saberem ao que sabe a vida, senão à vida dos outros.
Pena de não se permitirem viver e usar aquilo que está ao seu alcance ou que poderá vir a estar.

Muita pena de não saberem o que é o sonho e que é ele que comanda a vida.
Muita pena de não saberem que as pessoas não são tratadas como coisas, como maus cheiros, que se podem disfarçar e eliminar com uma boa vela ambientadora num fim-de-tarde à média luz.

Pena de não saberem que quando alguém se entranha, é um contrato sem termo...



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