Fazer com que cada minuto conte

Hoje, o tempo nem passa por mim.
Toca-me, ao de leve, na ponta do nariz como uma pena e leva-me aos montes cheios de luz da Primavera tímida.
O dia, longo, faz estender as horas de viagem e as de regresso. Faz acreditar que se pode fazer tudo num só dia!
E, mesmo assim, no meio de tanta escassez de tempo há alguém que fala de mim a outro alguém que privou comigo há uns 3 anos atrás e desde aí nunca mais nos tínhamos cruzado. Há alguém que diz que gostaria de me reencontrar e di-lo de coração!
O reencontro é uma surpresa, é uma cara de espanto. É um abraço sentido e apertado e um sem número de novidades a contar! Pergunto pela vida e conto parte da minha, da destreza que ganhei com as compotas e a polpa de tomate caseira que me ensinou a fazer na altura em que nos conhecemos, do meu trabalho e da minha família. Olho em volta e reparo nas pequenas mudanças e naquilo que, provavelmente, nunca irá mudar.
Olho, e penso: algum dia tive a pretensão de prender esta pessoa, e tudo quanto ela carrega, a mim?
Não. Garantidamente, não.

A verdade é que, ainda com os dias preenchidos e a correr de um sítio para o outro, eu não consigo ser outra coisa senão eu mesma. Por um minuto, por uma hora, por uma vida: eu mesma. Se isto cativa pessoas, considero apenas como um dano colateral. Se fico feliz, sim fico! Radiante!
Se com a minha forma comprometida e, simultaneamente, desligada consigo tocar as pessoas, ainda que não lhes dedique o tempo e atenção merecidas, fico feliz.
Mas sei que sempre fui assim, atarefada, com a agenda cheia. Só assim sei ficar de coração empolado.
Só assim sei dar valor ao tempo, quando ele passa, e fazer com que cada minuto conte.


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