Toda a verdade

Prometo dizer a verdade. Nada mais que a verdade.

Há um ponto qualquer no tempo no qual deixamos de querer. Em que sabemos, de antemão, que tudo o que acontecerá daí em diante será diferente. Nem que nos tenhamos precipitado, que nos peçam desculpa, que "voltemos atrás" com as nossas palavras, tudo será diferente a partir desse momento. Não haverá forma de contornar este facto: tudo será diferente.

Quer nas relações pessoais quer no meio profissional, temos que querer. No dia em que deixamos de querer, não há exercícios motivacionais que nos valham. Querer é quase tudo. Muitas vezes, tudo. É o querer que nos leva a fazer "trinta por uma linha", para além das nossas obrigações, por prazer. Por brio. Não somente por obrigação: por coisas que nos tragam felicidade.

O querer reside no mais profundo de nós. É a nossa força motriz, tudo o que nos move e que é incomensurável. Faz-nos dormir poucas horas, avançar mais 1km cada dia, deixar de ter tempo para fazer refeições tranquilas, viver a vida na estrada, ajudar quem precisa de ajuda. É o querer que faz isto tudo.

Muitas vezes os resultados desse esforço não são imediatos, instantâneos. Na sua grande maioria, exigem paciência e persistência. Permanência constante e linear. Exigem, também, respeito dos demais intervenientes em todo o processo. Que, sabendo à partida que queremos, nos extorquem sem dó nem piedade aquilo que nos pertence por direito. Em toda a paciência e espera, aparecem na sombra e rapinam o que estava guardado para nós.

Em todo este caminho é importante duas coisas: saber se algum dia quisemos e se continuamos a querer. Não é preciso rigorosamente mais nada. É apenas necessário perceber se todo aquele esforço fez sentido nalgum ponto da nossa vida e se, actualmente, deixa de o fazer. Se deixamos de querer.
Se, por outro lado, continuamos a querer, não acontece nada. É andar para a frente e lidar com a realidade do tipo de pessoas que nos rodeiam. Aceitar, com a tranquilidade a que obriga!

Quando deixamos de querer, não há assunto possível. Não se quer. Ponto.
Avança-se. Não se pendura uma situação à espera que, num dia de sol, se volte a querer. Pois quando nalguma parte da nossa vida nós deixamos de querer algo, nós nunca vamos voltar a querer da mesma forma. Até porque mais à frente, nós já não somos a pessoa que outrora quis: somos outrem.

E não há dramas nem desgraças na ausência de querer. (Muitas vezes, até nunca quisemos...) Há um novo querer, a renascer, que nos traga novas felicidades e sorrisos e noites mal dormidas e que nos motive a trabalhar aquilo que somos e queremos dar aos outros: querer ser para e com os outros.

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