"Setembro sabe a mar e a saudade"

Dia 1 de Setembro.
Cai o pano do Verão.
Houve dias piores que este primeiro em Agosto mas, no entanto, é Setembro.

Há qualquer coisa que morre dentro de mim quando acaba Agosto. Outras se inventam.
Penso carinhosamente em botins para a chuva que há-de cair, que há-de lavar, que há-de levar o que tiver que levar. Penso na cor, no design, nos apliques. Penso naquilo que necessito há um ano e nunca cheguei a comprar: uns botins!

Efectivamente sou feita de sol e de Verão.
O ano, p'ra mim, acabou ontem. Já nada será igual depois deste Agosto.
Voltarei a ir a casa, voltarei a ser regresso e partida, voltarei a estar com os meus que tanto cuido e quero bem, mas já não será Agosto! Já nada fará o mesmo sentido.

Chegou Setembro.
O mês onde todas as ideias se desmembram na minha cabeça.
O mês onde arrumo todas as pessoas no coração.
A altura do ano quando faço listas de "a fazer" durante o dia pois o pensamento não me acompanha: está no mar!
O mês da Nossa Senhora dos Navegantes e do S. Paio da Torreira.
Mês que traz tanto sorriso e coração cheio de começos e recomeços...
Aquele mês em que o sol, quando existe, queima... Para ferir!

Chegou Setembro e com ele a vindima e a apanha da maçã.
Trouxe bulício no campo e na cabeça de quem dele depende.
Trouxe a esperança de um bom ano anunciado. Para quem, pacientemente, espera por Setembro.

É difícil precisar o início e o fim das estações... Alterações climáticas, dizem.
Desconhecer inícios ou fins complica-me o raciocínio.
Não há desvanecimentos no tempo nem no espaço. Nada de diluir para se fundir mais à frente.
Catano, como tudo muda.

Mas eu tive Agosto!
E tenho Setembro.
E acho que vou comprar uns botins, após um ano de anormal namoro.

E sou capaz de jurar que Setembro "vai ser bom p'ra mim!"



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