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Amanhã começo um novo ano lectivo. Se me continuarem a perguntar como consegui, eu continuarei a responder que não consegui. Não fui capaz de cumprir.

A verdade é que eu pensava que ia ser mais fácil. Fácil pelo regresso às origens, fácil pelas competências previamente adquiridas, fácil pelo enquadramento profissional, fácil pela disponibilidade... E não podia estar mais errada.
Conforme fui avançando no tempo, percebi que o grau de dificuldade, do que quer que seja na vida, não depende só de mim. Encontrei vários obstáculos. Externos e internos.
Nunca teria sido capaz de atingir parte dos objectivos se não tivesse quem me obrigasse a desafiá-los. Quando estive prestes a desistir dos trabalhos, das aulas... do interesse, eis que sinto um empurrão (similar a um pontapé no rabo) e retomo o trilho. Tive, ainda, uma colega que nos seus sábios vinte e poucos anos puxou tanto por mim que, apesar de eu ter rachado, se não fosse a sua insistência eu teria chegado a quebrar.

Há 1 ano defini os meus objectivos quando iniciei esta jornada de regresso ao ensino superior numa área académica bem diferente da minha. Queria fazer tudo! Achei que podia fazer tudo... A verdade é que hoje sei que isso era impossível.

A verdade é que hoje ainda não sei como consegui fazer o que acabei por fazer no 1º ano... Com tanto imprevisto, com tantas actividades extra, com tantos problemas com que lidar, com tanta aprendizagem... Não sei como consegui!

Não sei como consegui mas não consegui. Parece contraditório mas é o resumo deste ano. Do resultado deste ano. Levo muita aprendizagem... Nomeadamente:
- seguir a minha intuição. Sempre. Não importa em que contexto. Ela está sempre certa;
- desconheço os meus limites. Sempre que penso que vou sucumbir... aguento;
- toda a gente tem algo para me ensinar. Nem que seja aquilo que não pretendo para mim nem para os meus;
- percebi que sou uma pessoa bastante desactualizada do ponto de vista tecnológico... E até gostei de me sentir analógica;
- os regressos nunca são aquilo que esperávamos. Nunca regressamos as mesmas pessoas e o mundo não parou no entretanto. O meu regresso foi, em tudo, diferente que aquilo que projectei;
- dar dois passos atrás para poder dar um à frente, como alguém carinhosamente disse para me tranquilizar;
- assumir os erros. Crescemos muito de cada vez que erramos. Seja num trabalho, seja num exame, seja com pessoas. Cometer erros, compreendê-los, assumi-los e corrigi-los. Assim crescemos, assim cresci;
- afastar-me de pessoas que não compreendem os meus objectivos. Não que queira alguém a bater palmas às conquistas mas gostaria de estar rodeada de pessoas que compreendem e respeitam os meus objectivos;
- preservar as pessoas "insistentes", as de sempre. Essas são aquelas que permanecem no tempo e no espaço;
- experimentar. Nunca saberás se podes, se és capaz, se não experimentares;
- desperdiçamos muito tempo com pessoas erradas. Devíamos perder muito mais tempo com a relação intrapessoal para podermos "topar os erros a milhas";
- "faz o que te faz feliz" não é um título de um livro de bolso com encadernação cor-de-rosa... Muitas vezes implica dores de estômago, noites mal dormidas, sorrisos amarelados e dinheiro a sair do bolso;
- dorme. Dorme sempre que tiveres sono. Descansa. Aprende a lidar com os sinais do teu corpo e esquece o que diz a sociedade sobre passar as noites de sexta-feira a dormir;
- relativiza. Aprendi a relativizar, a não fazer caso... A borrifar-me e a perceber que quando fazes isso mais que uma vez... é porque não estás no sítio certo, com as pessoas certas;
- baixar a fasquia. Percebi que ser ambicioso é uma característica bastante positiva mas devemos estar preparados para aceitar que não somos os únicos a contribuir para o sucesso.

 É óbvio que não era preciso regressar à universidade para as aprender... Mas a verdade é que a universidade obrigou-me a colocar muitas coisas no seu devido lugar. Organizou-me algumas ideias, clarificou-me outras. Vi-me forçada a aplicar, na minha própria vida, o termo Gestão.

Hoje sei que recomeçarei esta aventura com outro espírito. Outro compromisso, outros objectivos. Um armário cheio de chá, cafés e bolachas de chocolate SOS :) Com a certeza de que "o passado está na tua cabeça, o futuro nas tuas mãos."

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