as pessoas

Se repararmos no sucesso (no insucesso) das organizações, das famílias, das amizades, percebemos que o que faz toda a diferença são as pessoas. A sua história, a sua experiência, a sua capacidade comunicativa e um trabalho de equipa funcional, fluído, orgânico, natural... Aquilo que faz diferença no sucesso (ou insucesso) das nossas interacções humanas é, sem qualquer sombra de dúvida, sermos indivíduos capazes de criar empatia. Sentir o outro, ter noção de que não estamos sozinhos, que o caminho é longo e temos muito a aprender uns com os outros. Dar-mos a mão ou permitirmos que os outros nos carreguem, dependendo da ocasião. Não sugar: dar! Dar muito mais do que se tira.

Admira-me como existe ainda tanta auto-ajuda, coaching (whatever) que defende o EU, o ego, o eu, o eu...
Sozinhos, somos nada. "No man is an island".
E não é nenhum cliché reconhecer que nos iremos lembrar de quem esteve. De quem olhou, de quem falou, de quem esteve independentemente da distância. Lembramos sempre. Quem está. E quem não está! 

Gosto de viajar no Outono. É a estação do recomeço, depois do êxtase.
Gosto de observar como as pessoas lidam com a chuva, com a queda da folha, com os cheiros quentes que vêm das casas e se misturam no ar frio da rua, gosto de chá, gosto de mantas, gosto do cheiro da terra depois da sementeira. 
As pessoas não são as mesmas no Outono. Há qualquer coisa que as impede de confessar que já começam a sentir frio e precisam de se agasalhar melhor ou... talvez precisem apenas de um abraço. As pessoas não reconhecem um conhecido com o sorriso de Verão, com o gelado a derreter na mão enquanto se cumprimentam...

Serei, eu, louca por adorar este Outono que sempre me ensina a manter a minha temperatura corporal constante o ano todo? Serei, eu, louca por achar que no Outono reaprendemos a nos sentar uns com os outros à volta de uma mesa, de uma lareira e que, pacientemente, esperamos que a chuva passe?
Sim, acho que no Outono somos muito mais terra, mais empáticos, mais ligados.
As viagens que tenho feito no Outono, curiosamente, têm-me dado sol e tempo ameno independentemente dos destinos. E quando chega um dia de chuva... fico verdadeiramente feliz! Como se, apenas nesse dia, fosse possível conhecer as pessoas.
A luz das cidades. O campo.
Até esse dia... era tudo ilusão.

By Mariana Ramos, USA, NJ, OCT 2017


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