A nossa bagagem

Quando existem estas confusões todas nos aeroportos reparo que as pessoas têm um cuidado extremo em não perder as malas de vista. Em tê-las sempre na proximidade visual e até física. E não é para menos.

Sempre que viajo penso na quantidade de coisas que me acompanham que são a minha vida. É isso mesmo. Grande parte de nós viaja com objectos de grande valor sentimental, que têm histórias para contar. Que transtorno perdermos a "nossa vida" a meio da jornada. Preparámos tudo com tanto cuidado e, de repente, podemos ficar vazios. De mãos a abanar.

Hoje em dia, toda a gente prepara as viagens. Com tempo, com necessaires e embalagens dentro das normas e até preparamos o tipo de bagagem que queremos e precisamos junto a nós. Temos o cuidado de efectuar a triagem daquilo que realmente necessitamos durante a viagem. Quando nos esquecemos de alguma coisa, instala-se o caos.

Bagagem é também um termo bastante utilizado para o nível de conhecimento do ser humano.

Dá-me ideia que muito dos trolleys que por aí andam são completas fraudes.

Dá-me ideia, também que, uma vez desaparecido esse trolley, instala-se igualmente o caos.

Continuo a acreditar que se deve apostar nas bagagens internas. Aquelas que não expostas a Raios - X nem a detectores de metais. Apenas à nossa censura pessoal e à dos que nos rodeiam.

Acho que devemos preparar esta bagagem com a mesma dedicação. O ideal seria prepará-la com dedicação superior, mas a igual já não era má de todo... De todo mesmo.

Acredito que a nossa bagagem é aquela que nos permite vencer e reinar em qualquer parte do mundo. Mesmo sem roupa interior, pasta dos dentes ou até maquilhagem.