Paixões

Há muito tempo atrás houve alguém que, por ocasião do meu aniversário, me ofereceu um daqueles diplomas fofinhos com o significado do nome. Ainda que o meu segundo nome, Mariana, é o nome pelo qual sempre fui chamada. É o nome que me identifica.
Esse tal cartão, em formato A4 cheio de adornos, continha uma frase algo parecida com: "Mariana é mulher de muitas paixões mas de um amor só". Vários anos passaram (talvez uns 16 ou 15 anos) e já posso avaliar a veracidade de tal afirmação.

Ora bem, não muito longe desse tempo tive a sorte de conhecer a artista Tori Amos através do álbum Boys for Pele. Digamos que na idade da parvalheira pouco importa a qualidade da música que se ouve... A mim sempre me preocupou porque o meu ouvido foi educado. Tive quem zelasse pela bagagem que hoje carrego. Tive quem me levasse a concertos, que gostasse de ter LP's em casa e de os ouvir até riscar, CD's, que corresse o país atrás dos artistas que eu hoje quereria ver/ouvir e não posso (motivo: extinção!).
A maior parte daquilo que sou hoje musicalmente devo-o à minha família, nomeadamente aos meus irmãos mais velhos. Da minha mãe só pude esperar fados bem afinados e cânticos de igreja, mas dos meus irmãos tive o melhor que poderia ter tido da nata da música que era feita ao longo dos anos em que privámos. Ainda no passado fim-de-semana estive largas horas a recordar ABBA com as minhas irmãs. E sabemos tudo e gostamos e cantamos. E isto é lindo, digo.

Voltando à Tori, um dos meus irmãos gostava de experimentar novos sons, novas tendências, novos artistas. A Tori, então, tinha uns 4 ou 5 anos de carreira e era pouco conhecida. Chegou com o Boys for Pele e a capa até assustava (típico da Tori...). Foi amor à primeira vista. Pronto. Assim sem mais nem quê.
Quinze anos (ou 14) passaram desde essa data e o sentimento cresceu. Não morreu, não desapareceu, não se transformou em ódio: cresceu. No ano passado tive a felicidade de assistir pela primeira vez ao vivo a um concerto dela, em Amesterdão. Este ano vou ter novamente essa felicidade. Felicidade acrescida por saber que o álbum que ela gravou este ano, em jeito de comemoração dos 20 anos do lançamento do seu primeiro álbum (Little Earthquakes), contém a música Marianne retirada do álbum Boys for Pele, o meu primeiro. Feliz por saber que do "meu álbum" foi o meu nome que ela escolheu para entoar juntamente com a orquestra.

Então, sou mesmo mulher de um amor só.

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